sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Lendas do padock-Alfa Romeo 155 V6ti

Para terminar a semana vamos falar de um carrito do grupo Fiat que fez e ainda faz as delícias de todos os adeptos de carros italianos. Um carro do pais da bota que foi dar uns grandes chutos no traseiro da concorrência nos diversos campeonatos onde correu, e para gaudio dos fãs um desses campeonatos foi o campeonato alemão de turismos, falo obviamente do poderoso, do monumental, do magnífico, do genial, entre outros adjetivos que não me ocorrem, falo do Alfa Romeo 155 V6 ti.
Este modelo teve duas versões distintas, que se sagraram vencedoras em campeonatos diferentes, a versão DTM e a versão BTCC. Comecemos então pelo princípio pelo DTM, nesta encarnação, o portento italiano chegou no ano 1993 para a temporada do DTM (Deutsche Tourenwagenmeistershaft), um novo conjunto de regulamentações foram introduzidas para a classe 1 de carros de turismo premium. Estes regulamentos restringiram o tamanho do motor para uma capacidade máxima de 2,5 litros e seis cilindros. Além disso, foram autorizados muitas modificações no motor, chassis e aerodinâmica. Alfa Romeo foi a primeiro a entrar com um carro de turismo da classe 1, que teve o máximo proveito dos regulamentos, o Alfa 155 V6 ti. O que resultou em Nicola Larini levar o título para a Itália na primeira temporada DTM da Alfa Romeo.












A primeira corrida foi realizada na pista de Zolder, na Bélgica. Esta corrida acabou por ser uma humilhação completa para Mercedes e BMW, que tinham dominado o DTM nos anos anteriores. A Equipa Alfa Corse ficou em 1º e 2º lugar na primeira corrida e 1º, 2º e 3º na segunda corrida e enfiou uma bota no sítio onde o sol não brilha dos alemães. Nicola Larini largou do pole position, Christian Danner teve a volta mais rápida durante a corrida em 1:54,09, e relembro que para a Alfa esta foi a primeira corrida no DTM. foi assim que do nada nasceu uma lenda italiana bem ao estilo de Júlio César, o imperador romano, e das suas palavas veni,vidi,veci



















A componente mais brilhante do 155 de DTM foi a mecânica, combinava um motor V6 de alta rotação com o sistema de tração Q4, com apenas 2,5 litros o motor naturalmente aspirado, produzido completamente em ligas de alumínio, produzia 400cv as 11.500 rpm. O motor foi montado à frente do eixo dianteiro e a caixa de seis velocidades foi montado separadamente no meio do carro para melhor equilíbrio de peso. Cerca de um terço da energia que foi enviado para as rodas frontais, com a restante a ir para a parte traseira.Com 12 vitórias em 20 possíveis, a equipa Alfa Corse dominou. Dez delas foram vencidas por Larini, que foi coroado campeão no final da temporada.


















A derrota esmagadora inspirou a Mercedes-Benz/AMG a desenvolver um novo carro de DTM com base no recentemente introduzido Classe C. Um ano mais tarde a Opel também se juntou a diversão com o Calibra DTM. Os engenheiros Alfa Corse também continuaram a desenvolver o 155. Primeira a caixa de velocidades padrão foi substituído por uma caixa 'sequencial e, eventualmente, uma semi-sequencial ao estilo da F1. O motor era constantemente trabalhado.na sua última evolução, teve um V de 90 graus e produziu uma potência de 490cv a 12.000 rpm. Para a Alfa Romeo o DTM trouxe grande sucesso, o 155 detém um recorde nunca igualado de 38 vitórias, no campeonato alemão de turismos.














No BTCC o 155 fez o mesmo que no DTM, veni,vedi,vici, e acrescento podem protestar a vontade que não vai fazer diferença. E protestar foi o que mais fez a concorrência da Alfa Romeo, face a supremacia do 155. Ora era porque isto ou por que aquilo houve sempre uma onda de polémica ao redor do 155, no entanto o propósito desta polémica era somente trava-lo da melhor maneira possível. 



















O ano era 1994, o local foi Donington, a corrida era parte do BTCC (British Touring Car Championship), Tarquini estava a perseguir o quarto lugar, volta atras de volta ao passar na chicane Tarquini ia levantando as rodas no corretor, até que aconteceu aquele que para mim é o momento mais memorável de condução que já vi no BTCC. Tarquini lançou os 285cv, do 155 2.0 16v, através da chicane e veio para o outro lado em duas rodas, num ângulo de 45, exibindo o lado inferior do carro enquanto a multidão, fica em delírio. Um momento a ver e a rever sempre que necessário. Tarquini manteve-se intocável no BTCC até que, queixa após queixa, decidiram mudar as regras e ai a Alfa Romeo decidiu bater o pé, em Oulton park abandonou as corridas ate que tudo ficasse esclarecido. Voltou depois para terminar o campeonato e vencer sem dificuldades de maior no ano de estreia.










É por estas e outras memoráveis batalhas, que este carro ficou gravado para sempre na história da competição. Fica na historia por levar tudo a frente no que toca ao desempenho e eficácia aerodinâmica, foi na minha opinião o canto do cisne da alfa corse, uma lenda dos padocks que recordo dos meus tempos de juventude.

Helder Teixeira, no Vicio dos Carros












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