Olá a todos.
É com grande orgulho que dou início à minha primeira publicação aqui no Vício dos Carros.
Resolvi começar por um carro que me marcou desde cedo, no tempo em que a minha avaliação de um automóvel era simplesmente baseada nas linhas dele, muito antes de pensar em V8's e turbos, caixas manuais, suspensões com pouco body roll ou quais das rodas recebiam potência.
Nesta altura muitos dos carros eram desenhados com réguas, cresci no meio deles, foi a eles que me habituei e são o que realmente conheço. O resto é tanto uma dádiva como uma novidade, uma atracção de feira ou uma curiosidade no National Geographic, é algo que eu talvez explore. Um dia. Quando me cansar das linhas rectas.
O meu conceito de beleza é portanto um pouco complicado, não sou o tipo de pessoa que nega a evidente supremacia de um 250 Testa Rossa, ou a majestosidade de um DB5, mas sou verdadeiramente louco pelos faróis quadrados na grelha preta de uma Toyota Hilux dos anos 80. E o carro do qual vou falar tem bastante em comum com a tal Toyota, porque contracenou com ela num clássico de Hollywood: "Regresso Ao Futuro".
O DeLorean. DMC-12 para ser mais concreto, um carro eternamente associado a viagens no tempo, portas estilo asa de gaivota e uma cilada envolvendo cocaína, que não deu em nada.
Começou por ser o sonho de um visionário, um ex-vice presidente da General Motors que, sem querer, inventou o conceito e o primeiro muscle car da história, o Pontiac Tempest GTO, John DeLorean.
DeLorean decidiu criar a sua própria marca, a DeLorean Motor Company, o que se viria a provar devastador para a sua imagem pública, mas no processo, criou um ícone, um dos maiores marcos da sua época, o DMC-12. Teve um caminho difícil, a ponto de ter de produzir o seu carro na Irlanda do Norte, numa altura de guerra, sem grandes apoios financeiros, mas conseguiu.
O carro foi desenhado por Giorgetto Giugiaro, o chassis desenvolvido pela Lotus e o motor acabou por ser o PRV V6 de 150 cavalos, montado atrás do eixo traseiro, como num Porsche 911 ou no seu irmão, o Renault Alpine. Escusado será dizer, que com as leis de emissões dos Estados Unidos da América na altura, essa potência foi afectada, o que resultou num decréscimo de 20 cavalos e numa fama de "arrastão", ou num termo mais sofisticado e americano, "underpowered". Ainda assim, entre 1981 e 1983, cerca de 8500 DeLoreans foram vendidos, até a empresa fechar por completo.
Em 1985 estreou "Regresso Ao Futuro", dando a conhecer a milhões de pessoas pelo mundo fora este carro fantástico, de linhas rectas, simples, mas perfeitas, com portas que abrem para cima e carroçaria em aço inoxidável não pintada. O sonho manteve-se vivo.
Dez anos mais tarde, a DeLorean Motor Company foi novamente criada, todo o inventório da empresa original foi transportado de Belfast para o Texas e, desde 2008, voltou a tornar-se possível comprar um DeLorean novo, com alguns componentes modernos, mas igual ao original. É uma produção limitada, de cerca de 20 carros por ano, que faz as delícias de um fã como eu. Está inclusivamente a ser desenvolvido um DeLorean eléctrico, com 260 cavalos, embora eu preferisse modificar o PRV original, ou substituí-lo por outro V6 mais potente, talvez até um V8.

Gonçalo Sampaio, no Vicio dos Carros
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