Hoje nas lendas do padock, escolhi falar sobre um carro que
fez historia numa corrida pensada para veículos de todo terreno. Foi um dos
carros com que mais brinquei na minha infância e será certamente dai esta minha
fixação neste modelo da Peugeot.
Era mais ou menos por esta altura que na minha infância se
começava a falar sobre o Dakar, a mítica corrida que ligava Paris a Dakar, pelo
meio ficavam longas etapas no deserto, percorridas a velocidades dignas de
registo. É sobre um carro que correu no Dakar que vos quero falar hoje, hoje
vamos falar do Peugeot 405 T16.
Este 405 era tao próximo do 405 de serie, como o vinho esta
da água. Este modelo embora se assemelhe a um 405 coupé, na verdade é construído
em torno da mecânica do 205 t16 de grupo B, neste caso adaptado para o Dakar,
ou seja com suspensões preparadas para andar muito depressa fora da estrada, no
entanto também teve uma outra versão, a de Pikes Peak, mais próxima dos rallys,
versão esta que também vez um brilharete, nos anos que por la andou.
Em termos mecânicos este carro quer na versão do Dakar quer
na versão de Pikes Peak pouca coisa mudava, exceção feita aos apêndices aerodinâmicos.
O motor continuava montado em posição central, era um 1900, com 16V, e um
sistema turbo, capaz de produzir na versão grand raid, próximo dos 400cv@7800
rpm, e na versão Pikes Peak mais um bocadinho, em Pikes Peak a potência da
central nuclear era aumentada para 540cv@8500rpm, passados para o chão através de um
sistema de tração integral com diferencial central eletrónico.
O 405 começou a sua carreira no Paris-Dakar em 1988. Foram inscritos
dois carros um para Ari Vatanen e outro para Henri Pescarolo. Vatanen assume a
liderança da corrida desde o início, ou 1 de Janeiro se preferirem, para nunca
mais deixá-lo até 18, e mesmo assim perdeu o Dakar, e por pouco não perdeu o carro.
Na verdade, na manhã da última etapa a equipe percebe que o 405 de Ari Vatanen
foi roubado da frota de veículos durante a noite. Foram feitos todos os esforços
para encontrar o carro no entanto não foi possível recuperar o 405 a tempo. O
405 é encontrado numa lixeira por perto, mas Infelizmente, os comissários
colocaram Vatanen fora da corrida por atraso na ordem de largada.
Apesar deste mau início do 405, esta seria a única vez que
ele não ganhou a prova em que este carro estava inscrito. Posteriormente, Ari
Vatanen ganhou os 4 próximo rali-raids com o 405, ou seja, o Rally da Tunísia, o
Rally do Atlas, Rally dos Faraós e a Baja Aragon. Mas é em Pikes Peak na
corrida lendária nos Estados Unidos, que o 405 Turbo 16 fez o nome. No ano
anterior a peugeot tinha visto o 205 T16 falhar por segundos atrás Rörhl e
Quattro S1. A hora da vingança tinha chegado para a Peugeot, com direito a
record e tudo, oferecido por Vatanen e Kankkunen, em parte graças ao sistema de
tração integral deste carro.
O ano de 90 será o último para a Peugeot no Dakar, novamente
com a vitória no Dakar, mais uma vez Vatanen, para não variar.
Este leão deixou claramente uma grande marca na história do
desporto motorizado, e em vésperas de ano novo, era inevitável recordar este carro,
especialmente nesta altura em que o Dakar esta para arrancar, embora nos nosso
dias já não seja o mesmo Dakar…..
É com este post que encerro este ano no que toca ao Vicio
dos Carros, foi uma excelente viagem, com todos vocês com companhia. Quero desejar
a todos um bom ano, bem regado de felicidade e muitos bons momentos.
Feliz ano novo para todos.
Helder Teixeira, no Vicio dos carros