sábado, 10 de janeiro de 2015

Excentricidades - VW Corrado VR6 RWD

Antes de começar a falar do carro que escolhi para hoje, tenho de vos contar uma pequena história.

Esta história começou na manhã de ontem, Sexta-feira, dia 9 de Janeiro de 2015, um belo dia para gostar de carros.

Nessa manhã fui a Guimarães com o meu pai buscar um carro novo (bem, novo para nós), uma bela Alfa Romeo 156 1.8 Sportwagon de 2000.

Conversa puxa conversa, registar não registar, voltar para o Porto, e aí temos uma manhã. E imagino que isto não se passe no mundo encantado do carro novo, mas quando se compra um carro usado há um certo hábito de lhe fazer uma pequenita revisão para confirmar se está tudo pronto para lhe começarmos a dar uso e o tornar um pouco mais "nosso". Neste caso isso implicou perder mais umas horas a restabelecer a posição certa dos cintos de segurança do banco de trás, o que para um tipo com o nível de distúrbio obsessivo-compulsivo que eu tenho, é muito importante.  Agora já está tudo bem, as vozes pararam de gritar na minha cabeça e não terei de pegar fogo ao mundo. E os passageiros podem por o cinto em paz, o que também é bom.

Nisto, o artigo de ontem, que é este, ainda não estava escrito, e não havia perspectiva de estar em breve, uma vez que estava na hora de ir ter com um amigo meu a uma oficina onde um outro amigo meu trabalha, para ver o Citroën BX Sport que o primeiro amigo em questão comprara. Sim, leram bem, BX Sport. 

Não sendo estranho ao Citroën BX, cortesia de um terceiro amigo meu, estou bastante entusiasmado e feliz por ele ter comprado tamanha raridade, um verdadeiro hot rod francês dos anos 80, também conhecido em português corrente como: "aço".

Por esta altura estava inclinado a procurar um Citroën BX modificado e escrever este artigo sobre ele, mas no caminho para casa ocorreu uma situação da qual não me orgulho muito, que me levou a mudar de ideias, se bem que mudar de ideias não é o termo mais correcto, perdoar-me-ão o uso do inglês, mas o que eu tive foi uma change of heart. 

O que sucedeu foi que acabei por dar boleia ao meu amigo que comprou o BX e a um amigo dele, com quem eu não tenho propriamente a maior das confianças. Imediatamente, a conversa acabou por ir ter ao carro dele, um Volkswagen Golf IV 1.4, que ele conseguiu encontrar com pouquíssimos quilómetros.

Uma pessoa normal tê-lo-ia felicitado pela aquisição e calado o bico, mas eu já há muito me apercebi que estou longe de ser uma pessoa normal, portanto tenho de ir lidando com estes pequenos atrasos mentais que me levam a fazer coisas como enumerar as razões pelas quais não gosto de certos carros. Que foi exactamente o que fiz ontem. Quando dei por mim, já tinha vomitado uma formidável quantidade de factos sobre a qualidade de construção do carro (o que é bastante irónico, vindo de um tipo que conduz Alfa Romeos dos anos 80). Era tarde de mais, o mal estava feito, mas ainda tentei deitar água na fervura, comecei a dizer que foi uma altura má e que se podia muito bem apanhar um que nunca tivesse esses sintomas... sou um idiota basicamente.

Então decidi falar hoje sobre um Volkswagen. Agora é o seguinte, eu não gosto realmente do Golf IV, por isso não vou ser hipócrita para além de desagradável e falar sobre esse modelo, mas há um VW que eu realmente gosto, e ainda por cima já conhecia este projecto específico. 

O Corrado, neste caso, um Corrado convertido para tracção traseira.



Eu sei que o normal é ver os carros do grupo VAG deitarem fumo preto do escape em vez de fumo branco dos pneus traseiros, mas isto é muito mais excêntrico. Curiosamente, o resto do carro tem um aspecto muito simples, quase de origem, o que é bom, porque o Corrado é lindo de morrer por si só.



A ideia de converter este Volkswagen para tracção traseira surgiu quando o dono, um tipo que já tinha tido e modificado alguns Golfs e Corrados, começou a sentir as limitações naturalmente impostas por um carro que gira as rodas da frente. Além disso, um amigo dele tinha um Dodge Conquest (que é essencialmente um Mitsubishi Starion) modificado para fazer um quarto de milha em cerca de 10 segundos, e ele descobriu que poderia adaptar a suspensão traseira de um carro desses ao seu Corrado.

O próximo passo foi escolher a caixa de velocidades, e a sua escolha foi simples e eficaz: uma Borg-Warner T-5, conhecida por equipar carros como o Ford Mustang, Sierra Cosworth, Chevy Camaro ou o Nissan 300ZX. Esta caixa é manual de 5 velocidades, como manda a lei.

Foi fabricada uma placa de alumínio para acoplar a transmissão ao VR6 turbinado com cerca de 500 cavalos à transmissão.



Tudo o resto foi feito em condições, suspensão, travões, tudo pensado para lidar com a potência extra e a nova configuração.

No interior a história é a mesma do exterior, reina a simplicidade e funcionalidade. Os bancos traseiros deram lugar a uma, bem mais útil, roll cage.



O resultado final está à vista, uma máquina alemã, repensada e reconfigurada nos Estados Unidos da América, capaz de fazer donuts apetitosos, pelo menos para nós, os viciados nos carros.









Gonçalo Sampaio, no Vício dos Carros

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